Prostituição em Angola


Crítica de Katssekya Samuel ao Artigo sobre a "Prostituição em Angola".


Este artigo surge como respostas a um artigo publicado pela portal Club-k, sobre a prostituição em Angola, subscrito pelo Dr.ª Encarnação Pimenta.
 
Um dos aspectos que esta defende é o facto da prostituição ter um carácter patológico. Isso significa, por outras palavras, que as prostitutas que pululam pelas ruas de Luanda, em particular, e pelo país, em geral, padecem de distúrbios de comportamento.
 
É claro que nós, embora reconheçamos o contributo que a Drª Encarnação Pimenta, como psicóloga, possa dar à discussão de um tema tão importante, gostaríamos de dizer que não concordamos, na totalidade, com ela, pelas seguintes razões: em primeiro lugar, devido ao facto de os distúrbios de comportamento associados ao sexo, estarem bem hierarquizados e catalogados pelo DSM-IV. De entre estes, podemos apontar as várias parafilias.
Note-se que as parafilias são caracterizadas por anseios, fantasias ou comportamentos sexuais recorrentes e intensos que envolvem objectos, actividades ou situações incomuns e causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Como parafilias podemos referir o exibicionismo (exposição dos genitais), fetichismo (uso de objectos inanimados), frotteurismo (tocar e esfregar-se em uma pessoa sem o seu consentimento), pedofilia (foco em crianças pré-púberes), masoquismo sexual (ser humilhado ou sofrer), sadismo sexual (infligir humilhação ou sofrimento), fetichismo transvéstico (vestir-se com roupas do sexo oposto) e o voyeurismo (observar actividades sexuais).
Como se pode ver, a prostituição não é aqui referida, o que, no entanto, não quer dizer que uma prostituta ou um prostituto não possam sofrer de uma determinada parafilia. Em segundo lugar, e sempre em defesa do nosso argumento, a prostituição é hoje encarada, aliás isso não é novo, como a mais velha profissão do mundo, onde a mulher, ou o homem, disponibilizam os órgãos sexuais a troco de dinheiro.
 
Existem, inclusivamente, países como a Holanda onde a prostituição tem um destaque especial, uma vez que a mesma está organizada segundo regras definidas pelo próprio Estado, cabendo, inclusivamente, as prostitutas o pagamento do imposto e efectuarem descontos na Segurança Social.
 
Para o caso de Angola, mais importante que encarar as prostitutas como pessoas com distúrbios de comportamento, é necessário olhar para elas como vítimas da pobreza e do desemprego, salvaguardando-se, claro, as devidas excepções.
E, assim se, de um lado, se deveriam encetar medidas para a legalização da prostituição em Angola, do outro, deveriam avançar-se com outras medidas de carácter educativo, e sócio-profissional, criando um maior número de empregos por forma a evitar que mais jovens se embrenhem nesta profissão, que é sempre mal vista pela sociedade.


Bibliografia: American Psychiatric Association . (2000). Manual de Diagnóstico e Estatístico das Pertubações Mentais. Lisboa: Climepsi Editores.



















Comentários

Unknown disse…
Deve ser o primeiro Blog angolano.
Parabens, estão a evoluir.
Gostei desta crítica construtiva. Realmente quando se fala de prostituição em Angola, o que mais nos remete são so factores sócio-económicos, se existem factores de ordem de distúrbios comportamentais, deve ser numa percentagem muito menor. Quando falamos de fenómenos devemos ter em conta a nossa realidade não buscar realidade dos outros e cometer esses atropelos científicos. Gostei muito da tua intervenção Katya Samuel.
Katssekya Samuel disse…
Boa noite caro Felizardo!
Queria transmitir-lhe os meus mais cordiais cumprimentos e muito obrigada pelo comentário positivo.
Um braço de luz para si!

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