UM OLHAR ARITMÉTICO SOBRE A REALIDADE
Por: Katya Samuel
Entre a sala de estar e a cozinha há um divã. Afundo-me nele meio ensonada e procuro reconstituir os momentos que acabam de passar.
Não me consigo livrar do entorpecimento. Estou em crer que não preguei olho durante a noite inteira. Sonhei com Pedro o grande, rei da Rússia. Sem vontade de me embrenhar nas minhas tarefas do dia-a-dia, decido combinar números e, assim, olhar para fora da escrita.
Somos os dias que vivi até agora e subtraio o total pelas desgraças e pelas frustrações por que passei; de seguida, divido-os pelas alegrias para, finalmente, as dividir pelos meus sonos.
E, ainda pouco satisfeita, calculo dois terços do total. Os resultados não deixam de ser desconcertantes; diria mesmo desencorajadores, mas também me dizem que não devo deixar de sonhar; devo fazê-lo e mais alto ainda. Talvez um dia, quem lá sabe, construa o meu S. Petersburgo.
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