As novas tendências alimentares

Antes de abordar o problema das novas tendências alimentares, importa, para todos tenhamos o mesmo entendimento sobre o que estamos a discutir, definir o que se entende por alimentação. A noção de alimentação aparece nas obras de vários autores e todos eles convergem num aspecto, ou seja, na concepção da alimentação como um acto voluntário e consciente e na ideia de que é através da alimentação que o ser humano obtém produtos para o seu consumo e que ela é totalmente dependente da vontade do indivíduo.
Outra noção igualmente importante, e que se acha relacionada com a primeira, é a noção de alimentação saudável, que consiste, segundo vários autores, na alimentação ou nutrição de comer bem e de forma equilibrada para que as pessoas, como adultas, mantenham o peso ideal e, no caso das crianças, desenvolvam-se bem e intelectualmente, dependendo do hábito alimentar.
No que diz respeito à temática em análise, gostaria, para definir as novas tendências alimentares, apoiar-me nos critérios das indústrias alimentares. Para essas indústrias, as novas tendências alimentares, assentam nos seguintes aspectos:
a) Sensibilidade e prazer
A sensibilidade e prazer manifesta-se através da capacidade que os consumidores têm para terem acesso aos produtos de preço alto. De modo que, pessoas com maioria sensibilidade e prazer alimentar são geralmente pessoas de alta renda. As tendências desta categoria estão ligadas ao aumento do nível de educação, informação e renda da população, entre outros factores.
b)Saudabilidade e bem-estar
Este aspecto tem muito a ver com o envelhecimento da população a consciência que a sociedade foi adquirindo sobre a relação entre as dietas e as doenças. Assim, o problema do excesso de peso e a obesidade nas populações de vários países estimula os produtos para dietas, alimentos com redução ou eliminação de substâncias calóricas. É por isso que nas novas tendências alimentares, encontramos os segmentos diet e light, cujo objectivo é queimar calorias e saciar o apetite. Nos países desenvolvidos, consolida-se o consumo de alimentos orgânicos, com a eliminação de aditivos químicos.
C)Conveniência e praticidade
Esta nova tendência é motivada principalmente pelo ritmo de vida dos grandes centros urbanos, tais tendências apontam um aumento da demanda por refeições prontas e produtos em pequenas porções, embalados em porções individuais, adequados para comer no trânsito ou em diferentes lugares ou situações. Daí os vegetais, iogurtes, sucos enlatados e etc.
d)Confiabilidade e Qualidade
Nas novas tendências alimentares, a posição do consumidor é activa, ou seja, já não é passiva. Assim, nesta nova tendência deparamo-nos com consumidores mais conscientes e informados e exigem produtos seguros e de qualidade e origem atestadas, com boas praticas de fabricação e controle de riscos. Nessa direcção têm sido valorizadas características que são intrínsecas aos produtos, tais como a rastreabilidade e a garantia de origem, os certificados de sistemas de gestão de qualidade e segurança, a rotulagem informativa e outras formas de comunicação que as empresas possam utilizar para demonstrar os atributos dos seus produtos.
e)Sustentabilidade e ética
O último aspecto que também reflecte as novas tendências alimentares tem a ver com a sustentabilidade ambiental, primando-se, assim, por produtos com uma menor dose de carbono, baixo impacto ambiental, não estar associado a maus-tratos aos animais, ter rotulagem ambiental, ter embalagens recicláveis e recicladas etc.
Assim, como conclusão pode dizer-se que verifica-se nos dia de hoje importantes mudanças no comportamento dos consumidores, reflectidas pela indústria de alimentos nos novos ingredientes, processos e embalagens que integrarão um produto com diferenciais competitivos em relação aos demais.
Pegando nestes aspectos todos e relacioná-los com o nosso contexto angolano, importa referir que se torna cada vez mais importante combater a pobreza para que toda a população tenha acesso aos produtos sensíveis e de prazer. Do outro lado, torna-se importante sensibilizar a sociedade para a relação que existe entre a dieta e a doença de modo a eles puderem regular o seu comportamento alimentar, tendo como ponto de partida, os produtos produzidos pelas novas indústrias alimentares.
Por último, nessas novas tendências alimentares é necessário que haja cada vez mais um maior controlo e fiscalização dos produtos que entram no nosso mercado. Referimo-nos a necessidade de os consumidores angolanos serem cada vez mais activos e críticos em relação ao que consomem.
Katssekya Samuel
Comentários