Dispor das mulheres, depois de elas terem ido embora

















A notícia caiu-me como uma bomba, tal como para todos os angolanos, quando eu estava em Portugal. Uma vez que a internet, em Angola, é muito lenta e, como na tuga é mais rápida, resolvi ficar mais tempo na internet para fazer algumas pesquisas de psicologia, e não só. Enquanto lia os e-mails, o meu colega que está a fazer o doutoramento em Psicologia Educacional pela Universidade do Minho, acabava de entrar em online. Momentos depois, enviava-me um link para o meu message com uma mensagem pedindo desculpas pelo link, porque as imagens eram chocantes . “Espero, que olhes para estas imagens como uma investigadora social e não como uma pessoa normal”- disse. Assim sendo, não me pude conter diante de tanta curiosidade Passado dois minutos, resolvi, então, abrir o misterioso link.

Ao ver o vídeo, fiz rapidamente a elaboração, porque eu já estava preparada psicologicamente para tal. Como me haviam me pedido, olhei para o vídeo numa abordagem mais científica e não do senso comum. Isso quer dizer, que olhei para as imagens como uma psicóloga.

As imagens falavam por si: era o Almir Algria, o apresentador do programa “Jovem Mania” . Este programa é dedicado a juventude Angola, e aborda questões que afectam os jovens angolanos como: o HIV , desemprego e entre outros temas.
Almir era uma imagem de referência para a juventude angolana , e tinha, por isso, que manter uma conduta digna de exemplo. Derrubou a sua própria imagem e, por conseguinte, perdeu a sua própria dignidade. Em relação à rapariga, penso que ser-lhe-á mais difícil recuperar a dignidade, visto que, no nosso contexto cultural, as mulheres são mais submissas, ou seja, vivemos numa sociedade machista. Isso não quer dizer que esteja a defender esta jovem, até porque a aconselho a procurar um psicólogo clínico para um tratamento. Não vou centrar-me muito nela, mas sim, no Almir devido ao compromisso social, não formal, que ele tinha com os jovens angolanos. Atendo a este aspecto, gostaria que prestassem mais atenção as minhas hipóteses diagnósticas:



Análise psicológica do caso Almir

Bem, relativamente ao Almir, na respectiva de Freud, o homem que filma o seu acto sexual, se revê nas imagens e sente um prazer sexual, é uma pessoa Narcisista. Antes de analisarmos esta tendência, o narcisismo, vamos, para o entendermos melhor, falar do complexo de Edipo.

Segundo Freud, o complexo de Édipo, não é um instinto sexual mas um complexo onde o amor ocupa o primeiro plano. Os sentimentos sensuais ou corporais são recalcados, ou guardados. O rapaz apaixona-se pela mãe (e a menina pelo pai) e, por ciúme, detesta o pai. Deseja, por sua vez, possuir a mãe só para si, desejando ausência do pai. E muitas vezes, exprime esses sentimentos em voz alta, prometendo casar com a mãe. Quando uma criança não consegue realizar o complexo de Édipo, a criança toma o seu próprio corpo como objecto de amor: é isto a que Freud designa por narcisismo, o que é uma perversão, que se relaciona com o auto-erotismo da própria sexualidade.

Na perspectiva do DSM-IV-TR (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais), se este indivíduo fosse uma pessoa normal, faria sexo sem filmar, mas como filmou estamos diante de uma perversão, porque, na ausência da mulher com quem ele fez sexo, ele masturbar-se numa atitude que se encaixa perfeitamente na revivência do acontecimento (flashback), tendo uma satisfação sexual sem nenhuma penetração nos órgãos genitais feminino, tal como sucede em todas as perversões. Assim, para o Almir nada mais resta senão fazer uma consulta a um psicólogo clínico ou a um psicoterapeuta desde que, claro, ele se consciencialize que a sua atitude se enquadra numa perturbação sexual.

Despeço-me com muita paz

Katya Samuel

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